Pular para o conteúdo principal

Uma denúncia do aparato ideológico da indústria cultural e seu instrumento mais poderoso: o divertimento

Operário Sindicalizado

Em nosso clássico texto popular democrático O iluminismo como mistificação das massas, Theodor Adorno e Max Horkheimer denunciam veementemente esta malévola servidora das classes burguesas anti-revolucionárias - a diversão:
"Divertir-se significa estar de acordo. A diversão é possível apenas enquanto se isola e se afasta a totalidade do processo social, enquanto se renuncia absurdamente desde o início à pretensão inelutável de toda obra, mesmo da mais insignificante: a de, em sua limitação, refletir o todo. Divertir-se significa que não devemos pensar, que devemos esquecer a dor, mesmo onde ela se mostra. Na base do divertimento planta-se a impotência. É, de fato, fuga, mas não, como pretende, fuga da realidade perversa, mas sim do último grão de resistência que a realidade ainda pode haver deixado."
A indústria cultural, à qual estamos indelevelmente submetidos, portanto, nos provê com diversão desenfreada, com diversas formas de distração, entretenimento e, portanto, mistificação.

Coerentes com sua oposição ao divertimento, Adorno e Horkheimer, como se espera de fiéis representantes populares, fizeram seu artigo ser chatíssimo e praticamente ilegível, para impedir que pessoas pudessem ter qualquer prazer na leitura.

De fato, os autores se apresentam radicalmente opostos à mensagem passada pelos desenhos animados, que não passam de propaganda capitalista destinada a fazer com que o povo se acostume às suas vidas miseráveis sob o sistema. Pato Donald, por exemplo, não passa de mais um vil panfleto das classes dominantes:
"Se os desenhos animados têm outro efeito além de habituar os sentidos a um novo ritmo, é o de martelar em todos os cérebros a antiga verdade de que o mau trato contínuo, o esfacelamento de toda resistência individual, é a condição da vida nesta sociedade. Pato Donald mostra nos desenhos animados como os infelizes são espancados na realidade, para que os espectadores se habituem com o procedimento."
As animações do Pato Donald, como provado por esses bastiões do comunismo, não passam de panfletos que pretendem normalizar nas mentes do proletariado o poder da elite e uma vida de sofrimento e privação.

Para corroborar a tese de Adorno e Horkheimer, assim, nós, do jornal Opinião Popular, pretendemos por meio desta missiva dar outros exemplos de cartuns que se especializaram na reprodução do divertimento e da ideologia capitalista de massificação da dor. Adiante.


Hora da Aventura: Em um de seus episódios, chove facas no meio da rua, o que faz com que os personagens Finn, o humano, e Jake, o cão, legítimos representantes do Povo com quem devemos nos identificar, que pretendem sair para "brincar" (embora não com o objetivo de divertir-se, porque isso seria reacionarismo que destrói o último resquicio de resistência à realidade), desistam da empreitada. Desistem porque, casualmente, se resignam com o fato de chuvas de facas serem parte da realidade social. Tal atitude internaliza o império da indústria cultural, que faz com que aceitemos que a realidade nos ferirá e não ajamos para mudá-la, como manda a práxis revolucionária.


Dragon Ball Z: Os alienígenas louros são os seres mais poderosos do planeta, o que encontra paralelo na realidade na nossa elite ariana racista. O desenho animado foi claramente produzido para inculcar os valores da elite, que, além de poderosa, é capaz de exterminar até mesmo planetas que contrariem seus desígnios.


Bob Esponja Calça Quadrada: Dissemina institutos tipicamente burgueses da sociedade, como o "hambúrguer de siri", a saber, o fast food, que é normalizado enquanto comida aceitável para as massas. Em um capítulo, a trama gira em torno do roubo da fórmula de preparo do sanduíche - a qual criminosamente é mantida em sigilo do grande público. Tal fato claramente demonstra ao Povo que aquilo que é feito pela burguesia não pode nem ao menos ser questionado, nem mesmo o tipo de comida que é ingerido pela classe operária.


Coiote e Papa-Léguas: Talvez o desenho animado campeão em descaramento, em desrespeito aos oprimidos da sociedade. Não é necessário nem ao menos o mínimo estudo semiótico para se perceber que o Coiote, além de ser fisicamente abusado com frequência alarmante, jamais será capaz de alcançar seu objetivo - a saber, a captura da ave que almeja. Repetidamente o personagem Papa-Léguas estará a centímetros de seus dedos, porém fugirá, com velocidade estonteante, no último momento. Como a cenoura pendurada eternamente à frente do cavalo, que crê piamente poder alcançá-la, o público se vê no Coiote, eternamente incapaz, porém sempre tentando, sempre trabalhando, com a ilusão tênue de que algum dia será capaz de vencer - sem ao menos saber que o sistema se prostra em sua totalidade contra si.


Caverna do Dragão: Presos numa realidade que mal compreendem, os garotos são levados a lutar em benefício de algo que desconhecem, enquanto seu prêmio final jamais é alcançado, tal como no caso do pobre Coiote. Mestre dos Magos, aqui, desempenha o papel do capitalista, que, tido como sapiência final, à qual os jovens proletários devem recorrer em última instância, não contribui em nada ao Trabalho, apenas passa ordens e tunga a produção operária, ao mesmo tempo em que promete a volta deles para casa - uma clara alusão às jornadas de trabalho desumanas proporcionadas pelo sistema que hodiernamente governa o planeta.

Comentários

  1. Anônimo13:45

    Cara, na boa, acho que você tem sindrome de perseguição...ou fumou alguma coisa muito forte... Dragon Ball Z representa a Elite ariana?! WTF?!?!?!

    ResponderExcluir
  2. Forever Vermelho21:27

    Ótimo texto! É uma pena que indivíduos reacionários ainda não conseguem compreender quão profunda nossa sociedade está nos ditames burgueses. E digo mais, se o proletariado não se unir veementemente para derrubar tais desenhos como do "calça quadrada", substituindo-os por clássicos do teatro engajado, estaremos fadados a termos crianças cada vez mais obesas e apaixonadas por videos games, carros, Xuxa e conforto burgues-reacionário! Engajados do mundo uni-vos!!

    ResponderExcluir
  3. Anônimo01:16

    Análise implacável da indústria cultural alienante na nossa sociedade pós-industrial. Vale ressaltar que, além de pregar a superioridade da raça ariana, Dragon Ball Z também exalta os feitos cientifico-financeiros de Bulma, naturalizando a desigualdade social. A personagem 'criadora' do radar do dragão é glorificada durante a série, em detrimento dos inúmeros trabalhadores explorados pela corporação Cápsula.

    ResponderExcluir
  4. Anônimo10:30

    A grande mídia tenta esconder, mas todo mundo já sabe que o senhor que se autodenomina "Mestre dos Magos" é na verdade um illuminati da Opus Dei, filiado a maçonaria e que tem estreitos laços com a família Marinho.

    ResponderExcluir
  5. Anônimo10:50

    O tal "mundo paralelo" em que estes jovens "vivem" é na verdade uma área que pertencia a Vale do Rio Doce e que fora privatizada com ajuda dos illuminatis golpista e entreguistas para "Mestre dos Magos" e o seu laranja, O Vingador.Está tudo bem relatado no livro Privataria Tucana, companheiros.

    ResponderExcluir
  6. Por isso devemos estatizar todos os meios de comunicação, para que alienação cultura nazi-capitalista seja evitada. O Povo só deve assistir aquilo que lhe faz bem, o Partido como principal e inquestionável representando da coletividade popular deve regular / fiscalizar a população a todo momento, pois como esse brilhante artigo demostrou, a onde menos se espera o nazi-capitalismo estará à espreita pronto para trazer mais uma vítimas para seu sistema opressor anti-proletariado.

    ResponderExcluir
  7. Anônimo17:13

    Todo mundo devia ser obrigado a ler este artigo. Uma pena que não temos mais nenhuma milícia ou algum revolucionário capaz disso...
    Quem não quiser ler este artigo que vá ao paredón!

    ResponderExcluir

Postar um comentário