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Pelo fim da subtração

Presidente de Diretório Acadêmico

Como estudante universitário e militante socialista, venho convocar todo o povo para a luta pelo fim da operação matemática conhecida como subtração. A subtração, como todos sabem, tem por resultado a diferença, e portanto vai contra todos os princípios de igualdade que pregamos. Se queremos acabar com a injustiça social, primeiro precisamos acabar com a diferença em sua raiz: a matemática.

Não podemos, de maneira alguma, permitir que essa operação maliciosa que só visa diminuir tudo e todos -- exceto as desigualdades, obviamente -- continue a oprimir as minorias. Se há discriminação contra os negros, contra as mulheres e, principalmente, contra as mulheres negras, a culpa é toda da subtração. Esta operação, ao contrário da adição, nada acrescenta à sociedade, retirando desta todos os frutos produzidos. A diferença é algo que não podemos tolerar. O fim da subtração é imprescindível.

Mas não pensem, camaradas, que sou contra a matemática -- muito pelo contrário! As três operações básicas são de valor inestimável à causa: a adição é crucial para o aumento da produção, que se segue da divisão igualitária entre o povo e, por fim, multiplicamos a felicidade da nação. No entanto, para que concretize-se o ideal socialista, sugiro uma reforma na operação de divisão, no que se refere a seu elemento chamado resto. Não podemos mais estimular o preconceito, devemos proibir o uso de tal nomenclatura ofensiva. A partir de hoje, chamar-se-á o resto de minoria.

Mas a reforma da divisão não é só isso. A fim de evitar contendas por assuntos mal resolvidos decorrentes da divisão igualitária da produção, o governo deverá proibir que qualquer divisão tenha como resultado uma dízima periódica ou um número irracional. Por exemplo, 10 dividido por 3 nunca poderá ser 3,3(333...). Assim evitamos cair no erro chamado aproximação, que pode ser traduzido simplesmente como exploração, pois alguém sempre sairá em vantagem. Desta forma, em divisões sem exatidão no resultado, o Estado deverá confiscar a minoria para futuramente partilha-la entre o povo. O resultado da divisão exemplificada deverá ser, então, exatamente 3, tendo como minoria 1, a qual deverá ficar para o Estado. É o mais justo e o mais correto.

Portanto, dado isto que acabo de apresentar, convoco todos a uma greve geral nas universidades públicas brasileiras e caminharemos todos juntos a Brasília protestando por mais dinheiro para a Universidade pública, o fim das desigualdades sociais, a reforma da divisão e o fim da subtração! Avante, companheiros!

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